Palavra da Presidente

Falar sobre autismo é falar de humanidade.

Em um mundo que ainda tenta encaixar todas as crianças num mesmo molde, ter um filho autista é um convite diário a olhar além das aparências e ouvir o que não é dito com palavras.

Ser mãe atípica é aprender a traduzir o mundo para o filho — e o filho para o mundo. É enfrentar olhares tortos, diagnósticos frios e sistemas que ainda insistem em excluir quem é diferente. Mas é também descobrir que o amor não precisa de manual, só de espaço para existir. É por isso que o pertencimento importa. Porque ele transforma. Quando uma criança autista é acolhida em vez de corrigida, quando ela pode ser quem é sem medo de julgamento, algo poderoso acontece: ela floresce. E quando nós, mães, encontramos outras que nos entendem sem explicar, também florescemos. Falar sobre autismo é falar de humanidade. É lembrar que a neurodiversidade não é um problema a ser resolvido, mas uma forma legítima de existir no mundo. E enquanto lutamos por acessibilidade, respeito e inclusão, seguimos mostrando que ninguém deveria lutar para pertencer — o pertencimento é um direito. Que essa mensagem chegue onde ainda há silêncio. Porque quando pertencemos, resistimos. E quando resistimos juntas, transformamos.

Pollyana Paraguassú